Há alturas na nossa vida em que nos sentimos sem rumo, perdidos, aflitos, confusos, contrariados e sem conseguir compreender o que está a acontecer na nossa vida. É como se tudo aquilo que sabemos até esse momento e tudo aquilo em que acreditamos, de repente, perdesse todo o sentido e nos deixasse num vazio perdido, sem ponto de referência para nos orientar. O fim de uma relação amorosa, um desentendimento familiar, a perda de um emprego que achávamos ser para o resto da vida, a morte de um alguém que nos é muito importante, são alguns dos exemplos que nos podem fazer sentir que perdemos toda a nossa estrutura e identidade. E provocarem um sentimento de verdadeira impotência perante o que se passa na nossa vida, e uma falta de ânimo em lidar com a realidade tal como ela se apresenta.Na minha historia pessoal, são exatamente estes momentos que guardam em si o maior potencial. O diamante escondido, tenhamos nós a coragem e a abertura de ajudar no processo. E muitas vezes para isso, precisamos de ajuda exterior, para vermos além do que é visível, para vermos além da dor.A capacidade de cuidar de nós próprios pode enfraquecer ou desaparecer nestes momentos, porque não aceitamos o que está a acontecer connosco e rejeitamos. E tudo aquilo que rejeitamos regressa com mais força e intensidade.Então, é possível, que possamos perder a capacidade de raciocínio para pensar e sentir além do que é visível, de ver a oportunidade que a vida nos está a dar para mudarmos e acedermos a uma nova parte de nós, mais ampla, mais rica, mais completa.Temos dificuldade em enfrentar, resolver e superar o desafio à nossa frente. E enquanto durar essa situação, o descontentamento e a aflição dominam a nossa vida, e não conseguimos evitar as contrariedades, aflições e frustrações, porque elas fazem parte, são inerentes à nossa existência e ao nosso processo e desenvolvimento pessoal. E todos nós, seres humanos, estamos sujeitos a estes processos várias vezes ao longo da nossa vida.O aconselhamento terapêutico pode estimular esta abertura, e concretizar formas mais funcionais de encarar os problemas e devolver uma sensação de bem estar e segurança na vida.Aceitar uma contrariedade não significa resignação, não significa transformá-la em bem-estar, ou gostar que ela aconteça, mas sim constatá-la como uma realidade com a qual a vida nos convida a conviver para que consigamos compreendê-la e integrá-la no nosso íntimo, na nossa vida, e assim prosseguirmos e alcançar outro estado da nossa existência. O importante é saber distinguir quando devemos lutar para conseguir fazer valer o nosso objetivo, enfrentando as dificuldades e contrariedades para alcançá-lo. Ou quando precisamos, simplesmente, de desistir e reconhecer que o nosso caminho é outro.O foco, a intenção, do aconselhamento terapêutico, em termos existenciais, consiste em permitir o livre fluxo do seu existir, de revelar-se a si mesmo, libertando-se do sofrimento.